Retinopatia da Prematuridade

Por que acontece?

A retina é a camada do fundo do olho que detecta a luz e nos permite enxergar. A retinopatia da prematuridade (ROP) ocorre quando vasos sanguíneos da retina desenvolvem-se de forma anormal durante a terapia necessária para a sobrevivência da criança prematura. O oxigênio dado à criança e a imaturidade retiniana calculada pelo peso ao nascer e idade gestacional são fatores essenciais para o desenvolvimento da ROP.

Devem ser examinadas por oftalmologista especializado entre 4 e 6 semanas de vida toda criança que nascer antes das 32 sem. de gestação e que ao nascer pesem menos que 1500 gramas. Os cuidados neonatais e o ganho de peso nas primeiras 6 semanas de vida são de extrema importância no desenvolvimento da ROP.

Crianças que desenvolvem complicações como a síndrome do desconforto respiratório, infecções, persistência de canal arterial, hemorragia intraventricular, ou necessitem transfusões de sangue estão mais propensos a apresentar ROP.

Há prevenção?

A ROP é uma das principais causas de cegueira prevenível da infância. Porém, a melhor forma de prevenir a ROP é evitando o parto prematuro e realizando exames oftalmológicos precoces que podem diagnosticar a doença em fase inicial, quando o tratamento tem melhor resultado.

Os neonatologistas estão cientes de que alguns tratamentos são fatores de risco para a ROP, mas são estes mesmos tratamentos que fazem com que crianças muito prematuras sobrevivam, e por isso a ROP tem se tornado cada vez mais frequente.

Como detectar?

Externamente nada se observa, é preciso o exame da retina para verificar como esta se dando a vascularização retiniana, que foi interrompida com o nascimento prematuro. Por isso, o oftalmologista especializado pode detectar a ROP ao fazer o mapeamento da retina na unidade neonatal inicialmente entre 4 e 6 semanas de vida e repetindo conforme necessário. No entanto, algumas unidades neonatais que não possam ter o exame feito pelo oftalmologista podem usar a telemedicina.

A visão da criança pode ser comprometida?

Ao examinar uma criança pela primeira vez é difícil prever a visão final. Muitas crianças apresentam regressão espontânea dos vasos anormais sem afetar a visão. Entretanto, em outras, com doença mais grave, hemorragias e cicatrização de tecidos, podem levar à distorção ou descolamento de retina e isto resultar em perda de acuidade visual de moderada a severa. Poucas crianças ficam cegas.

A visão é uma atividade aprendida, e a criança precisa enxergar bem com os 2 olhos e estes devem estar alinhados para que o cérebro possa unificar as imagens e permitir a visão em profundidade. Erros de refração e estrabismo são mais comuns em crianças prematuras. Por isso, o diagnóstico precoce e seu tratamento evitam um prejuízo no desenvolvimento visual.

As crianças com cicatrizes retinianas e grande prejuízo visual devem procurar centros para estimulação visual para, desta forma, receberem um treinamento especial para desenvolver sua visão residual e serem inseridas na sociedade.

Como tratar?

Muitos olhos se desenvolvem bem sem nenhum tratamento. Em casos mais graves, a fotocoagulação da retina com laser é o tratamento de escolha. Quando se trata a área de retina avascular, os vasos anormais regridem sem tracionar a retina central mais nobre e a visão na maior parte das vezes será boa após o tratamento.

Quando crianças muito imaturas desenvolvem a forma agressiva posterior, a perda de transparência e as condições clínicas do recém-nascido podem impedir o tratamento com o laser e o anti-VEGF deve ser usado.  Entretanto, ainda não existem trabalhos de longo prazo avaliando se a possível passagem do anti-VEGF para a circulação possa trazer alguma consequência no desenvolvimento global da criança. É um tratamento mais rápido e não destrutivo, mas precisa de seguimento até a vascularização da retina estar completa.

O uso de propranolol, reposição do IGF1 e ômega 3 são outros tratamentos em estudo para  o tratamento da ROP.

Se houver descolamento da retina, é necessária uma cirurgia mais complexa (vitrectomia associada à introflexão escleral), que pode restaurar uma visão limitada.

Como deve ser o acompanhamento?

As crianças prematuras, mesmo as que não apresentaram ROP, devem ser acompanhadas anualmente até a adolescência pois erros refrativos e estrabismo são mais frequentes nestas crianças. Glaucoma, catarata e descolamento de retina raramente ocorrem nos anos seguintes.

Sugerimos a realização de exames aos 6, 12, 18 e 24 meses e a seguir anualmente até a adolescência para avaliar se a visão está se desenvolvendo normalmente.

Referências: Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica www.sbop.com.br American Association for Pediatric Ophthalmology and Strabismus: www.aapos.org

As informações contidas neste site não devem ser usadas como um substituto para o cuidado médico e orientação de seu oftalmologista. Pode haver variações no tratamento que o oftalmologista pode recomendar com base em fatos e circunstâncias individuais.


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